No dia 27 de maio de 1962 foi fundada a CERTREL - Cooperativa de Eletrificação Rural de Treviso com Responsabilidade Ltda. O fundador Senhor Modesto Carminatti, juntamente com 72 amigos, conseguiu realizar o sonho de beneficiar as pessoas da região com a possibilidade da energia elétrica, trazendo conforto, segurança e uma maior qualidade de vida para a população de Treviso.
Além de fundador, Modesto Carminatti foi o primeiro presidente da CERTREL, e relata como era difícil a vida sem energia elétrica, no qual as pessoas viviam sem geladeira, ferro elétrico e rádio. Essas dificuldades o fizeram procurar uma solução para o problema, que era transmitir eletricidade de Siderópolis para Treviso a um custo acessível, e isso só foi possível por meio da formação de uma Cooperativa.
Naquela época, passava pelo distrito uma rede exclusiva da Carbonífera Treviso. A energia era fornecida pela Companhia Siderúrgica Nacional, que mantinha uma subestação em Siderópolis. Para que a CSN fornecesse energia para a Certrel, foram feitas duas exigências: levar a energia através da rede da Carbonífera Treviso com a devida autorização e comprar 3.000 quilowatts/mês mesmo não conseguido consumir toda a energia. Como seriam usados apenas 2.500 quilowatts/mês, o restante teve que ser dividido entre os associados, deixando alguns desconfiados por acharem um pouco caro usufruir desta energia.
Modesto encontrou dificuldades em convencer as pessoas a investir numa cooperativa de energia elétrica, muitos eram contrários e alguns o aconselhavam a desistir, mas sem energia, Treviso não conseguiria evoluir, não teria um futuro promissor. Então com persistência, força de vontade, ele conseguiu convencer algumas pessoas a unirem-se e formarem uma cooperativa, onde pagavam uma taxa de 150 cruzeiros para mantê-la, comprar medidores, cabos, isoladores e postes.
Logo que a cooperativa foi formada, mais um problema surgiu, a rede de distribuição da Carbonífera Treviso estava se transferindo para Santana - Urussanga e deixando-os novamente sem energia. Para evitar que ficassem no escuro novamente, recorreram ao governo do estado e a ERUSC, Companhia de Energia do Governo, para a Carbonífera Treviso levar a sua rede com a colaboração do prefeito de Siderópolis Manoel Garcia, o Governador Celso Ramos propôs-se a fornecer os cabos para que a Carbonífera Treviso pudesse fazer uma nova rede em Santana, deixando assim a antiga para a CERTREL.
No começo do funcionamento, pela falta de funcionários, o próprio presidente era quem tinha que fazer as ligações, reparos, leituras, cobranças e até mesmo os cortes utilizando o único veículo da cooperativa, uma bicicleta. Com o surgimento de novos sócios era necessário a construção de novas redes, e para conseguir ajuda de outras pessoas no levantamento dos postes, Modesto abatia um porco, fornecendo churrasco, torresmo, cerveja e gasosa em seu comércio. Para a construção de rede era contratado um eletricista, e em todos os serviços da cooperativa utilizavam o caminhão de Modesto, um Ford ano 1960.
Com a energia vieram os primeiros sinais de progresso, como a instalação de indústrias, o surgimento de novos moradores, casas comerciais, escolas, etc., e hoje podemos perceber que, o poder publico, os empresários, os agricultores, têm investido bastante no município, fazendo-o crescer a cada dia.
Importante ressaltar que com a energia evitou-se o êxodo rural, onde o agricultor passou a poder desfrutar do conforto que a cidade oferece sem abandonar suas terras.
Hoje, todos se orgulham da empresa, que Modesto ajudou a construir, do seu constante crescimento, da busca a novos associados que atualmente já somam mais de 3.800 pessoas.
Carminati conta como nasceu a Cooperativa de Eletrificação Rural de Treviso, as dificuldades encontradas para a instalação de energia elétrica em casa e a satisfação de poder desfrutar dos benefícios que ela traz.
Há cerca de 38 anos, concretizava-se em Treviso, um sonho de um filho de imigrantes italiano, nascido na localidade de Forquilha. Estamos falando do destemido e persistente Modesto Carminati, que no início dos anos 60, mantinha um comércio no então Distrito de Treviso, e seu sonho era poder desfrutar do benefício da energia elétrica, mas para isso, precisava criar uma cooperativa.
Nesta entrevista, o pioneiro do cooperativismo em Treviso, conta as dificuldades e resistências que encontrou para fundar a Cooperativa de Eletrificação Rural de Treviso Com Responsabilidade Ltda. – CERTREL, em 27 de maio de 1962, com mais 72 amigos que acreditaram na ideia, sendo hoje uma das melhores e mais antigas Cooperativas do Estado de Santa Catarina, a na distribuição de energia elétrica, o que orgulha muito Modesto Carminati, fundados e primeiro presidente.
Informativo Certrel – Sr Modesto, o que levou a ideia de criar uma cooperativa?
Modesto Carminati – A vontade de ter energia elétrica, que já era possível em diversas locadidades da região sul, e em Treviso, ainda usavamos lamparinas a querosene e éramos privados de ter uma geladeira, ferro elétrico e rádio que funcionassem sem pilhas. Procurando saber qual a melhor maneira para se ter energia, cheguei a conclusão que sozinho seria praticamente impossível, devido aos custos, pois teriam que ser levada energia de Siderópolis até Treviso. Daí a ideia de formar uma cooperativa, para que todos se beneficiassem a um custo reduzido.
Informativo Certrel – Foi fácil conseguir sócios para a CERTREL?
Modesto – Não foi fácil. Naquela época convencer até mesmo os amigos para investir numa cooperativa de energia elétrica, tendo que pagar uma taxa de 150 cruzeiros para ser sócio. Devido a isso, muitos eram contrários a ideia, querendo inclusive que eu desistisse. Mas não desisti. Fui em frente, até por que pensava que sem energia, Treviso não teria futuro promissor, parando no tempo.
Informativo Certrel – Você acha então que com a chegada da energia elétrica Treviso cresceu?
Modesto – Onde a energia passa leva progresso. São indústrias que se instalam, novos moradores, casas comerciais, escolas etc... Além disso o êxodo rural também foi combatido, com a chegada da energia elétrica no campo, onde o agricultor pode desfrutar de todo o conforto que a cidade oferece, sem sair de sua terra. Treviso não foge à regra e estpa crescendo a cada dia. Notamos que o poder público, os empresários, os agricultores, tem investido no município, que ontem não passava de Distrito. A CERTREL com certeza foi e é uma forte alavanca para o progresso de Treviso.
Informativo Certrel – Mas voltando a fundação da Cooperativa. Com tantas dificuldades e praticamente sem apoio, como você conseguiu formar um grupo para dar início a CERTREL?
Modesto – Existiam alguns amigos que compartilhavam da ideia. Com um pouco mais de persistência e depois de muitas reuniões, conseguimos juntar cerca de vinte pessoas, para dar início a Cooperativa. Na efetiva fundação, no dia 27 de maio de 1962, já contávamos com 72 sócios fundadores, que pagavam uma cota mensal de 150 cruzeiros, para manter a cooperativa, comprar medidores, fios, isoladores e postes.
Informativo Certrel – Vocês conseguiram levar uma rede de Siderópolis a Treviso?
Modesto – Não, não! Nós tínhamos outro problema depois de conseguir formar a cooperativa, que era levar energia de Siderópolis a Treviso. Naquela época, passava pelo Distrito, uma rede exclusiva da Carbonífera Treviso. A energia era fornecida pela Companhia Siderúrgica Nacional, que mantinha uma subestação em Siderópolis. Tivemos várias vezes como diretor da CSN, que não me recordo o nome agora, e ele fazia sempre duas exigências. Uma seria que conseguíssemos levar energia através de rede da Carbonífera Treviso, com a devida autorização. A outra seria que comprássemos 3 mil quilowatts/mês, mesmo que não fôssemos consumir tudo. Como iríamos usar somente uns 2.500 quilowatts/mês, o restante tinha que ser dividido entre os associados para que pudéssemos receber a energia. Essa exigência da CSN, gerou desconfiança por parte de alguns sócios que alegavam ficar muito caro ter energia elétrica.
Informativo Certrel – Vocês conseguiram cumprir as exigências?
Modesto – Bom, depois de muitas reuniões e muitas viagens, conseguimos acertar tudo. Compramos postes, fios e todo o material necessário para a ligação da energia nas casas dos associados, com o dinheiro arrecadado com as cotas, Só que mais um problema surgiu. Era sobre a rede de distribuição que pertencia a Carbonífera Treviso, que estava se transferindo para Santana, em Urussanga e iria levar tudo, e nos deixaria sem energia, depois de tanto trabalho que tivemos.
Informativo Certrel – A Cooperativa funcionava a quanto tempo quando surgiu este impasse?
Modesto – Tinha pouco tempo que a cooperativa existia. Preocupados com a situação e não querendo voltar a ficar no escuro, resolvemos pedir ajuda ao Governo do Estado e a ERUSC, Companhia de Energia do Governo, no sentido de que pudessem nos auxiliar, construindo uma rede que ligasse a energia da CSN a Treviso, em noventa dias, prazo que a Carbonífera Treviso levaria a sua rede. O então prefeito de Siderópolis, Manoel Garcia, colaborou, reforçando o pedido ao governo. O governador Celso Ramos prontamente disse que daria todos os cabos para a Carbonífera Treviso fazer uma nova rede em Santana, em troca daquela que estávamos usando, A Carbonífera aceitou e lá fomos nós com meu caminhão, um Ford 1960, buscar os rolos de cabos em Turvo. Daí em diante, foi um pouco mais tranqüilo
Informativo Certrel – Como era realizada a colocação de postes e construídas as redes?
Modesto – Como não tínhamos funcionários, o presidente é que tinha que fazer os serviços de ligação, reparos, leituras e cobranças. Só que mais sócios foram entrando e novas redes tiveram que ser construídas. Quando chegava o dia em que tínhamos que levantas postes para novas redes, eu abatia um porco, fazia torresmo e churrasco. Convidava vários homens para me ajudar a levantar todos os postes que eu queria, e o pagamento era uma barrigada de torresmo e churrasco com cerveja e gazoza em meu comercio. Para a construção de rede pagávamos um eletricista. Todos os serviços da Cooperativa eram feitos com um caminhão de minha propriedade, um Ford de 1960.
Informativo Certrel – Você também era quem cortava o fornecimento de energia de que não pagava a conta. Isso lhe trazia aborrecimento?
Modesto – Como era eu quem fazia as ligações, a leitura e cobranças, sabia quem estava com a conta atrasada. Nós dávamos um prazo para o devedor, se ele não pagasse, lá ia eu com alicate em punho e cortava a energia. Com isso as vezes a gente se aborrecia.
Informativo Certrel – A sua família o ajudava na tarefa de conduzir a Cooperativa?
Modesto – Minha esposa Amábile sempre me ajuda em tudo que eu faço. O apoio que tive quando sonhava em ter energia elétrica, foi fundamental para que não desistisse no meio do caminho. Enquanto eu trabalhava na concretização de um sonho acalentado por tantos anos, ela se desdobrava nas tarefas do lar, no gerenciamento no comércio e no trato com os nossos seis filhos. Foi uma época dura mais que valeu a pena.
Informativo Certrel – Como você vê a Cooperativa hoje?
Modesto – Vejo hoje uma empresa idônea, bem administrada pelo Volnei Piacentini, um homem também trabalhador e defensor do cooperativismo. Fico surpreso pelo tamanho que se encontra hoje a CERTREL, sempre buscando novos sócios, melhorando cada dia mais a qualidade de energia fornecida aos usuários, atraindo empresas e construindo um futuro ainda mais promissor para o município de Treviso.
Informativo Certrel – Você iniciaria tudo outra vez?
Modesto – Se preciso fosse faria tudo de novo. Foram dias, meses e anos de trabalho incansável na busca de um objetivo que foi alcançado e que hoje se reveste de grande importânci, porque continua dando conforto, segurança e qualidade de vida à muita gente, e isso me deixa muito feliz em poder ter participado de uma coisa tão importante para todos
Informativo Certrel – Qual a sua mensagem para os mais de 2.400 associados?
Modesto – Estou muito orgulhoso de poder ter dado início a um projeto que cresceu bastante e continua crescento. Começamos com cerca de 20 associados na praça do então Destrito de Treviso, e hoje, já são tantos e em tantas localidades, que chega a me emocionar. Quero cumprimentar e agradecer a todos por terem acreditado num sonho que se tornou realidade em 1962, co a criação da CERTREL, da qual fui presidente durante 8 anos, de 1962 a 1970. Cumprimento também o atual Conselho de Administração, membros e funcionários, pelo belo trabalho que desenvolvem para a satisfação do associado, o maior objetivo de uma Cooperativa. Digo que o respaldo do associado para com o presidente deve ser total, como é o caso do Volnei Piacentini. Agradeço toda a diretoria da CERTREL, por ter lembrado de mim, na hora em que se faz pela primeira vez, uma bela obra para divulgar as ações da Cooperativa.